Story | 30 Set, 2019

Um estudo amplo dos impactos do rompimento da barragem de Fundão é imprescindível para a recuperação da Bacia do Rio Doce, afirma painel de especialistas da UICN

Belo Horizonte, MG, Brasil, 30 de setembro de 2019 (UICN) - Após quase quatro anos, os impactos ambientais e sociais causados pelo rompimento da barragem de Fundão, que despejou 39 milhões de m³ de rejeitos de minério na Bacia do Rio Doce, ainda não são totalmente compreendidos, de acordo com um novo artigo publicado pelo painel de especialistas independentes que assessora a Fundação Renova, instituição responsável pelas ações de restauração.

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Photo: © Flicker/ Caio Santo

Em conjunto com as medidas de emergência adotadas nos meses seguintes ao desastre, foi realizada uma rápida avaliação dos impactos visando gerar informações para os programas de recuperação e compensação implementados atualmente pela Fundação Renova. No entanto, de acordo com o Painel do Rio Doce, uma análise ampla e detalhada de todos os impactos é fundamental para que a Renova possa, efetivamente, monitorar e comunicar esses esforços.

Em seu artigo mais recente, Uma estrutura de avaliação dos impactos sociais e ambientais de desastres — Garantindo uma mitigação efetiva após o rompimento da Barragem de Fundão (https://www.iucn.org/riodocepanel/issue-paper-4-PT), o Painel propõe que a Fundação Renova adote uma estrutura sistemática que facilite a coleta e análise de informações e dados essenciais relacionados aos impactos do rompimento da barragem. Entre outras funções, essa análise contribui para identificar possíveis ameaças ao sucesso dos atuais esforços de recuperação e a necessidade de medidas adicionais ou de alterações dos programas atuais.

Sob a liderança do professor Luis E. Sánchez, o relatório desenvolve e detalha uma das recomendações anteriores do Painel dirigidas à Fundação Renova, incluída no relatório de 2018 intitulado Os impactos do rompimento da Barragem de Fundão: O caminho para uma mitigação sustentável e resiliente. Nesse relatório, o Painel apontou a importância de realizar-se uma avaliação abrangente dos impactos do rompimento da barragem e recomendou a adoção de indicadores adequados.

O novo documento traz orientações para a realização de uma avaliação abrangente dos impactos ambientais e sociais e descreve as etapas envolvidas, incluindo o mapeamento dos impactos e de sua distribuição espacial e temporal, suas características e relações com os programas de recuperação em andamento.

O professor Sánchez explica que os resultados gerados pela aplicação da estrutura de avaliação de impacto serão importantes para a avaliação dos programas de mitigação. Esses resultados também proporcionarão informações relevantes para a tomada de decisões - não apenas na Renova, mas também por parte das autoridades públicas e outros atores envolvidos no processo de recuperação da Bacia do Rio Doce.

A estrutura de avaliação proposta trará informações sobre os efeitos diretos e indiretos do rompimento da barragem de Fundão e também sobre os efeitos cumulativos de ações humanas passadas e presentes na Bacia e na zona costeira adjacente. Ampliar os conhecimentos sobre tais efeitos cumulativos é essencial para enfrentar possíveis ameaças aos atuais programas de reparação e compensação,” afirmou o professor Sánchez.

Yolanda Kakabadse, presidente do Painel do Rio Doce, acrescentou que essa avaliação abrangente é de suma importância para a recuperação da Bacia do Rio Doce a longo prazo.

“No futuro, [essa ação] possibilitará à Renova avaliar com maior clareza a eficácia dos esforços empreendidos atualmente e medir os resultados com mais assertividade," ressaltou a Sra. Kakabadse.

O Painel do Rio Doce é composto por especialistas nacionais e internacionais que acumulam diversas habilidades técnicas, qualificações acadêmicas e conhecimentos locais. Entre eles, a Presidente do Painel, Sra. Yolanda Kakabadse, é ex-ministra do Meio Ambiente do Equador e ex-Presidente da UICN. O autor principal do último relatório é Luis E. Sánchez, PhD em Economia de Recursos Naturais e professor de Engenharia de Minas na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no Brasil.